17/03/2016

Minha Gravidez, minha descoberta. Minha razão de Viver.

Segunda, 21 de março, é o Dia Internacional da Síndrome de Down e hoje trouxemos um relato lindo e emocionante da mamãe Celi.

“Depois de 19 anos fiquei grávida novamente. Uma surpresa, um desafio, pois já tinha 40 anos.  Uma gravidez tranquila, me sentia muito bem, trabalhava em dois lugares, das 07h às 16h na escola e depois ia trabalhar na loja da minha irmã, no shopping, até as 22h. Todos os exames foram feitos, ultrassom, exame do coração do bebê e nenhum apontou algum resultado que pudesse me preocupar.

Como toda grávida, adorava fazer ultrassom, e no último marcado já com 08 meses fui toda feliz escutar o coração do meu bebê, ter a certeza que ela estava ali, viva e linda, pronta para nascer. Aí é que começa realmente a minha história.

A médica do ultrassom me disse que não conseguia escutar o coração e que não havia nenhum movimento do bebê. Já me desespero ali mesmo. Ela me entrega o resultado e diz:  “vai direto para o hospital”. Foi o percurso mais longo da minha vida, o que normalmente levo de 20 a 30 minutos me pareceu horas. 


Cheguei em casa, peguei algumas roupas e lá fui eu, apreensiva, com medo. No hospital fui muito bem atendida, não me deixaram esperando, o médico plantonista na hora me internou para uma cesariana de emergência. E assim foi. Minha bebê nasceu. Escutei o pediatra falar que ela não estava bem e foi direto para o oxigênio. Fiquei em pânico, tentava de todas as maneiras soltar a minha mão, fazer alguma coisa (isso porque estava com a barriga cortada). Os médicos vendo meu desespero trouxeram minha pequena. Ela era realmente pequena. 

As mãozinhas e pezinhos já estavam roxo, foram uns 5 segundos que me acalmaram. Do quarto direto para UTI Neonatal. No dia seguinte eu só queria visitar minha filha, ver se estava bem, mas as enfermeiras falavam sempre para eu aguardar. Comecei a achar que algo estava errado. Logo depois uma psicóloga veio me visitar, minhas desconfianças só aumentaram.

Finalmente permitiram minha visita, aquele bichinho indefeso, pequenino, lutando pela vida. Logo após a visita a pediatra, chefe da UTI, e a psicóloga me chamaram para uma conversa. A primeira pergunta foi: “Você reparou alguma coisa diferente em sua filha?”. Minha resposta foi que além de parecer com o pai não tinha notado nada. Cheia de rodeios, sem saber como falar, veio a notícia: sua filha é portadora da Trissomia 21. OI? O que é isso? Sua filha tem Síndrome de Down.

Não sei dizer minha reação. A minha cabeça não parava, muitas perguntas, muitas dúvidas, como falar pra família, e os problemas de saúde? E a parte financeira? Ela vai precisar de cuidados especiais? 

E chorei… Chorei muito, sozinha, com medo do futuro.

Mas na visita seguinte a única coisa que via era minha filha, linda, sem deficiência, que só queria ser amada. E como é amada.

Os piores dias de minha vida foram os dias de UTI. Muitos achavam que estava com depressão pós-parto ou não aceitando minha filha, mas o que eu queria mesmo era levá-la para casa, cuidar dela, deixá-la descobrir através de meus cuidados que meu amor era maior que qualquer coisa.

Hoje ela é meu xodózinho, minha razão de viver. Uma menininha esperta, que tem, sim, sua deficiência, mas que encanta a todos com seu carinho.

Todo medo que senti foi transformado em amor. Hoje não consigo imaginar minha vida sem ela.
Ela precisa de cuidado, de atenção, tem a sua limitação, mas também surpreende a cada aprendizado. É uma construção tijolo por tijolo, devagar, mas com um resultado gratificante. 

Conheço uma história que diz que a espera de um filho é como uma viagem, você se prepara para ela, olha o roteiro, entra no avião e quando desembarca está em um destino diferente do planejado. Você fica decepcionado, revoltado, triste, mas quando olha a sua volta o seu novo destino também tem sua beleza, sua magia e você passa a amar aquele lugar. Assim é ser mãe de uma criança com Síndrome de Down. Depois do susto da descoberta vê o quanto é maravilhoso esse novo mundo.”

Celi Oliveira é mãe de três meninas: Marcelli, Paula e da pequena Milena! 

*Esse depoimento encontra-se no capítulo "Down e Edwars" do nosso primeiro livro. Leia outros depoimentos, bem como textos de profissionais convidados adquirindo o livro através do link: http://bit.ly/2gbmuNY

2 comentários:

  1. <3 Nosso amor , nao e limitado... e Eterno e puro e maravilhoso.
    Uma bjoka pra vcs

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  2. Que lindo depoimento... Parabéns Celi, a sua filha é simplesmente linda.

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