01/06/2016

Solidão Materna

Mamães, hoje vamos dividir com vocês um texto muito bacana da Kely Varela, do blog Mágicas de Mãe, sobre um assunto super importante e que deve sempre ser discutido.

"Solidão materna existe! Parece uma frase fora de contexto. A mulher acaba de parir. Trouxe ao mundo seu maior bem. Tem em seus braços um lindo bebezinho com quem passará a dividir exclusivamente todos os momentos da sua vida, por um bom tempo.


Então como eu posso falar de solidão materna?

O fato é que a mulher passou volta de 40 semanas gestando seu filho. Momento em que ela e sua barriga são o centro das atenções. Tudo é voltado para que ela tenha o maior conforto possível durante a gestação.

O bebê nasce. Saí de cena o barrigão da mãe e entra o chorinho do bebê. Se for seu primeiro filho, verá que vai estar rodeada de pessoas. Todo mundo vai até a maternidade para conhecer o novo pequeno. Na sua casa vão estar disponíveis as duas avós e se bobear mais meia dúzia de amigas ou tias, todas querendo ajudar. Talvez você até sofra com tantos cuidados. Os dias vão passar e quando você se der conta seu período de puerpério já terá acabado. Provavelmente se você possuía alguém te ajudando, essa pessoa vai voltar para a vida dela. E você vai ficar em casa, sozinha com seu bebê.


Isso é maravilhoso. Mas só isso não é.

Nós precisamos dividir a vida. Precisamos compartilhar as alegrias do primeiro sorriso do bebê com alguém. Precisamos desabafar sobre as noites mal dormidas e o cansaço que toma conta do nosso corpo. Acredite, por vezes você vai desejar alguém para chorar todas as suas frustrações e medos.

Passamos geralmente 8 a 9 horas sozinhas com nosso filho. Neste período você dará atenção para as atividades que envolvem os cuidados com a criança, com a casa e com a sua alimentação. Haverá dias que você mal conseguirá comer. Vai acontecer do bebê ficar doente e precisar mais ainda do seu carinho e atenção. Nestes dias em especial você vai torcer para que alguém te ligue e pergunte como vai a sua vida, se tudo está indo bem e se por algum acaso você, mãe, precisa de alguma coisa. Só que chega o fim do dia e você que era rodeada de tanta gente, não recebeu nenhum telefonema e espera ansiosa a chegada do seu marido para dividir seu dia com ele.

Mas onde estão todas as pessoas que fazem parte da sua vida?

Vão estar cuidando da vida delas. Elas também possuem trabalho, família, cachorro etc e tal.

Esse vazio, causado pelo sumiço repentino (nem tão repentino) de todas aquelas pessoas dos primeiros dias, por vezes pode nos causar uma sensação de abandono. A tal da solidão materna. Será que não somos pessoas queridas para nossa própria família? Será que meus amigos esqueceram de mim?

Certamente a resposta vai ser não. A família, que geralmente engloba avós, irmãos e alguns tios ou primos mais chegados, como eu disse, devem estar cuidando de algo importante naquele momento. Você aí pode me dizer “Poxa, mas eu e meu bebê não somos importantes?” São sim. Mas acredite, muita gente não se dá conta de que pode estar sendo uma figura ausente nesta fase tão importante para você. Talvez você precise ligar para estas pessoas e falar abertamente sobre seus sentimentos. Contar suas frustrações em relação ao outro. Provavelmente vai fazer com que essas figuras percebam que você e seu bebê precisam delas.

Seus amigos, se não tem filhos, podem achar que a presença deles em excesso pode vir a atrapalhar. A sensação que eu e meu marido temos é a de que não podemos contar com ninguém nessa nova vida de pais. Sério! Não temos com quem contar, se nós não formos atrás dessas pessoas. E se é que conselho vale para alguma coisa, vá atrás dos seus amigos sim. Mostre para eles como você os estima e como para você a presença deles nesta nova etapa é se suma importância. A amizade que vocês construíram continua ali, só que agora com mais  uma pessoa envolvida.

O fato é que nós, mães, precisamos de alguém além dos nossos filhos e do nosso companheiro para ajudar a curar esta solidão materna. Essa convivência com outras pessoas só aumenta a nossa saúde física e emocional. Nos faz bem. Faz bem para nossos bebês."

Kely é mãe da Raquel e do Samuel e tem o blog Mágicas de Mãe

*Esse depoimento encontra-se no capítulo "Solidão, Baby Blues e Depressão Pós-Parto" do nosso primeiro livro. Leia outros depoimentos, bem como textos de profissionais convidados adquirindo o livro através do link: http://bit.ly/2gbmuNY

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