20/10/2015

A difícil volta ao trabalho

Sabemos, mais do que ninguém, que mãe tem quer ser mil e uma mulheres, desempenhar inúmeras funções e dar conta de tudo não é e nunca será fácil. E é sobre isso que o texto de hoje fala, Acácia Lima relata como foi voltar ao trabalho depois do nascimento de sua filha e também conta um pouquinho sobre o início do “Somos Mães de Primeira Viagem”.

“Comecei a trabalhar muito cedo, por vontade própria. Lembro que aos 14 anos consegui um emprego e minha mãe foi contra, pois achava que era cedo demais. Fiquei pouquíssimo tempo lá, além da minha mãe não gostar da ideia, o horário era complicado para conciliar com a escola.

Depois disso, voltei a trabalhar com 17 anos e trabalhei em algumas empresas, mas desde muito cedo tive uma veia empreendedora. Lembro de um jornal que comecei a fazer em casa mesmo, grampeando as folhas, colando as matérias, figuras, etc.


Demorei para abrir meu primeiro negócio "oficial": uma loja de objetos de decoração e cybercafé. A experiência não foi boa, a loja era de rua e foi roubada duas vezes e não havia seguro para cybercafé naquela época. Isso, aliado a uma sociedade mal feita, fez do resultado algo traumático.

Não tão traumático assim, percebi mais tarde. Foi só recuperar o fôlego que me adentrei em uma nova empreitada, desta vez como prestadora de serviços com custos fixos baixos e trabalhando naquilo que era realmente a minha "praia": escrever. Assim nasceu a yellow.a, empresa de produção de conteúdo online, focada em mídias sociais e, mais tarde, para todo tipo de solução digital. 

Apesar de toda a experiência acima, o que eu gostaria mesmo de compartilhar com vocês é a minha história pós maternidade. Fui mãe depois dos 40, numa época da minha vida que considerava estar tudo muito bem resolvido (casamento, carreira, vida social, etc).

Quando estava grávida, comentava com as minhas funcionárias que, após a minha filha nascer, voltaria a trabalhar depois de um mês. Coisa de mulher prática demais, que sabia lidar muito bem com negócios mas que não tinha a menor noção do que era ser mãe!

Pois bem, minha filha nasceu e eu achei que nunca mais conseguiria fazer outra coisa na vida a não ser ficar com ela, cuidando dela dia e noite. Um amor sem tamanho me dominou completamente. Quando ela estava com cinco meses sabia que teria que voltar a trabalhar e entrei em pânico. Transferi meu escritório para a rua de casa para que ficasse perto dela. Pesquisei escolinhas próximas. Entretanto, nada me convencia de que isso era o melhor a fazer. Estava sofrendo muito.

Minha filha começou a frequentar o berçário das 13 às 17h, horário em que eu ia para o escritório, chorando muitas vezes. Havia perdido completamente o interesse pelo trabalho, quase fechei as portas.

Uma certa manhã, enquanto minha filha dormia, fui orar, precisava encontrar uma saída! Uma mulher que trabalhava desde cedo não podia, de uma hora para outra, depender do marido para sustentá-la, eu tinha que trabalhar e precisava de uma solução.

Foi quando me ocorreu investir em alguma coisa relacionada a maternidade. Então pensei: "puxa, quando a Mariana tinha um mês de vida criei um grupo fechado no Facebook para mães de primeira viagem e esse grupo me faz muito feliz e ajuda muita gente. Por que não ampliar essa ideia?".

Dessa forma, decidi construir uma plataforma com o mesmo nome do grupo, Somos Mães de Primeira Viagem, onde lá, além de mãe, grávidas e tentantes, profissionais (obstetras, pediatras, fono, nutricionistas) pudessem informar todas as pessoas interessadas nesse universo.

Assim, com a plataforma sendo construída, desenvolvi, junto com minha equipe,  blog, fan page (hoje com mais de 28 mil fãs), Instagram e Twitter para iniciar tudo o que minha cabeça planejava. Meu prazer pelo trabalho voltou e pude entrar de cabeça nesse projeto.

E o projeto cresceu tanto em tão pouco tempo que constituí, com meu marido e amigos, uma ONG chamada Caminho de Mãe para ajudar grávidas e mães carentes com doações, visitas, palestras, intermediação de consultas e tratamentos.

Hoje minha filha ainda fica meio-período na escola, mas do meio-dia às 18h, pois não abro mão de passar as manhãs com ela. Disso tudo, tirei uma lição (e todos os dias aprendo outras): nós mulheres somos mesmo heroínas, isso não é chavão. Precisamos trabalhar, queremos nos dedicar à família, cuidamos da casa. Tudo com muito perfeccionismo, o que nos leva à exaustão. Mas, ainda assim, prosseguimos sorrindo, acreditando, vencendo. Quando um filho adoece queremos largar tudo para ficar grudadas a ele, com todo o amor do mundo. Sabemos que não podemos e sofremos. 

O tempo passa e vencemos dia a dia. A recompensa é saber que fizemos o nosso melhor, com a melhor das intenções: criar e proporcionar o ambiente mais harmonioso e feliz para nossa família, sem faltar nada. Isso nos faz levantar todos os dias e continuar.

Parabéns a todas nós, guerreiras!”

Acácia Lima é mãe da Mariana e idealizadora do Somos Mães de Primeira Viagem.

*Esse depoimento encontra-se no capítulo "A volta ao trabalho" do nosso primeiro livro. Leia outros depoimentos, bem como textos de profissionais convidados adquirindo o livro através do link: http://bit.ly/2gbmuNY

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