Ser pai é aprender a mudar

A partir de hoje também teremos depoimentos de papais compartilhando com a gente histórias, momentos, reflexões e experiências sobre a paternidade. Também queremos ler sobre como é o lado deles.

E para estrear, o relato emocionante de Roberto Fabricio, que nos mostra como a chegada de um filho muda também a vida do pai.

"Tornar-se pai é transformar-se. Essa é a grande lição que aprendi quando minha filhinha nasceu. E ninguém me avisou disso.
É claro que, quando você espalha a notícia que você e sua esposa “estão grávidos”, chovem comentários e dicas de todo tipo, sobre a vida de pai que lhe espera.  São opiniões de parentes, de amigos, até de desconhecidos, mas, por mais que elas possam lhe inspirar, alertar ou ensinar, nada que você ouviu ou sentiu vai lhe preparar de verdade para esta nova e grandiosa fase da sua vida. E vamos encarar a realidade: esta nova fase traz mudanças maiores do que qualquer “pai fresco” pode esperar.

Isso acontece porque a paternidade é uma verdadeira metamorfose. Antes, você tinha total liberdade para escolher para onde ir, com quem ir, de que jeito e a que horas ir. Depois, com o relacionamento a dois parte desta liberdade é transformada para algo maior e mais sublime, e mais adiante, com a gravidez, a expectativa de ser pai abre um horizonte de novas responsabilidades e novas alegrias.


Infelizmente, há pais que não entendem a importância deste processo de transformação de um homem em um pai. Pior, há aqueles que até renegam e insistem em se manter indiferentes aos filhos. Estes sequer merecem ser chamados de pais.

Mas, para a maioria, paternidade é mudança. Mudança boa, aliás maravilhosa. Mas em alguns momentos, difícil. E nesse instante a grande pergunta é: como lidar com tantas mudanças, tantas responsabilidades?

Evidentemente eu não tenho uma resposta infalível para essa pergunta – e seria muita presunção da minha parte se dissesse que tenho -, mas acho que a frase que melhor pode iluminar o caminho até esta resposta seria: abra sua mente.

Não é fácil lidar com as necessidades de seu bebê quando você está física e mentalmente cansado. Também não é fácil lidar com esta nova realidade naqueles instantes em que gostaria de ter só um pouquinho mais de tempo para você. Mas se você abrir a mente para esta nova realidade, não apenas tudo fica mais leve como também você estará mais atento para as maravilhas que essa nova fase lhe trará.

E estas maravilhas não são poucas. O olhar de um filho, de uma filha, as imitações, os carinhos, a alegria inocente, as esperanças, a renovação de nossos antigos sonhos por um mundo melhor... são muitas as mudanças sim (e mais, algumas destas mudanças são, inclusive, resgates de nossos mais antigos e belos sonhos!!!) , mas para desfrutar delas  é preciso – repito - manter a mente aberta.

Abrir a mente significa entender o seu tempo. É entender que tudo no universo muda, o tempo todo (e não tenha a pretensão de achar que você nunca vai mudar!). É entender que algumas coisas que lhe agradavam no passado podem não mais lhe interessar. É rever conceitos. É mudar prioridades. É entender (de verdade) que sempre podemos aprender com o novo. E que este “novo” pode, sim, nos trazer um outro conceito de felicidade.  

Enfim, retomando o que escrevi lá em cima, ninguém tinha me avisado que tornar-se pai é transformar-se. Mas no fundo, no fundo, o que ninguém me avisou foi que, no final das contas, felicidade era algo que eu simplesmente não sabia o que era...

...até a primeira vez que minha filha me sorriu... "

Roberto Fabricio é  advogado e pai de primeira viagem da Mariana.

*Esse depoimento encontra-se no capítulo "A ma/paternidade é transformadora" do nosso primeiro livro. Leia outros depoimentos, bem como textos de profissionais convidados adquirindo o livro através do link: http://bit.ly/2gbmuNY