04/08/2016

Reaprendendo a distribuir amor

Estamos na Semana Mundial de Aleitamento Materno e, por isso, trouxemos hoje a linda história da mamãe do Léo, a Marcela. Ela nos contou a dificuldade inicial da amamentação e como conseguiu superar.

“Sou Marcela, mãe do Leonardo, de 4 meses e meio. Durante a minha gestação me preocupei muito com o parto, qual o tipo e as consequências de cada um. E pesquisei muito sobre maternidade, me destinei a fazer exercícios durante a gravidez, ter uma alimentação saudável, estudar sobre o sono do neném e inclusive conhecer músicas para bebês. Li sobre tudo, quase tudo! Tinha um assunto que eu achava que não precisava estudar, a leitura era: amamentação. 

Para mim quando o Léo nascesse ele já saberia como sugar. Bastaria que eu colocasse o seio pra fora da roupa e tudo certo, amamentaria até os 6 meses no mínimo e era isso. Doce inocência, doce ilusão que seria fácil. E mais, me senti vítima do mercado e indústria de bicos artificiais (mamadeiras e chupetas). No enxoval, as mamadeiras eram diversas em minha lista, chupetas não poderiam faltar, uma vez que elas acalmam o bebê. Ok! Lá fui eu para maior aventura da minha vida: amamentar! 


Os primeiros dias de amamentação foram a prova de que eu jamais tinha sentido dor igual, a dor do parto é fichinha (cesárea, pelo menos) perto do que é amamentar com os bicos dos seios feridos. Nos primeiros dias eu jamais tinha ouvido falar em pega correta ou errada, o Léo sugava da forma errada e isso fazia com que meus bicos ficassem cada dia mais feridos, chegou a sair sangue e precisei ser segurada pelos braços e pernas pelo meu marido para conseguir amamentar de tanta dor. Na madrugada (momento em que as mães ficam realmente sozinhas com os bebês) eu pensava em desistir e, ao mesmo tempo, meu instinto de mãe gritava dentro de mim para continuar. A dor e o cansaço estavam me vencendo

Erro número 1: Chupeta: Na ânsia por descansar eu acabei comprando e dando chupeta para meu filho. Ok, naquele instante ele realmente se acalmou. Ele ficava chupando chupeta por muito tempo quando não estava mamando e aquilo me tirava horas de sono. 


Mas, gente, vamos lá, o peito foi feito para "chupetar", sim! É nesta hora que o bebê se embebeda de amor e carinho, porque ao "chupetar" ele sente que a mãe não está ali só para alimentá-lo com o seio. Mas como eu disse: dar a chupeta foi o primeiro erro! 

Erro número 2: Oferecer dois tipos de chupeta: Sim, eu estava em uma farmácia e precisava ter mais de uma chupeta, pois ia viajar e o medo de por acaso perder a única chupeta me dava calafrios. Comprei uma linda, marca boa e que brilhava no escuro. Porém, o bico era diferente da que ele usava, coitado do meu filho né?! Três bicos diferentes para usar, do seio, da chupeta 1 e da chupeta 2. Conclusão: começou uma confusão de bicos. 

Viajamos e quando oferecemos a chupeta 2 o Léo começou a se irritar no seio. Iniciou um misto de sentimentos e dúvidas. O seio era um refúgio pro meu filho e estava sendo motivo de estresse. Eu não tinha leite suficiente? Meu leite era fraco? Ele não me ama mais? Sim! Cheguei a achar que ele não me amava mais. Fui muito pouco orientada sobre os riscos que a chupeta traria para a amamentação. Voltando de viagem, o Léo mal mamava no peito e ficou 15 dias sem ganhar peso algum, e a tão temida fórmula entrou em nossas vidas sem pedir licença. Junto com a fórmula veio o erro 3. 

Erro número 3: Mamadeira: Ahhh, a mamadeira, que indústria maravilhosa que existe, quantos modelos, cores e formatos, quantas marcas, preços e variedades! Realmente encantador ler nos rótulos que o bico se assemelha ao seio! Os olhos das mães desinformadas até brilham ao ler isso e imaginar que podem descansar um pouco enquanto o pai dá a mamadeira. Escolhi a melhor marca e me assegurei que o bico fosse igual ao meu, comprei a fórmula e vamos lá. 

Alimentamos meu filho com algo em pó que vinha em uma lata fria, sem sentimentos e sem meu cheiro. Chorei muito, mas tinha que ajudar meu filho a ganhar peso, uma vez que estava muito magrinho. Eu não sabia que aquele ato de oferecer mamadeira fosse desmamar meu bebê, acabar ali com o nosso sonho de seguir com a amamentação até os seis meses pelo menos. A confusão de bicos estava instalada e o desmame já estava em seus 70%. 

Passamos dias sem contato com o seio, aluguei bombinha elétrica e passei a oferecer meu leite na mamadeira, uma vez que ele não queria mais o seio. Porém, ele não sabia mais ordenhar da maneira correta, apenas estava acostumado com a ordenha da mamadeira e com o fluxo intenso da mesma. Meu peito explodia de leite, minha cabeça rodopiava em sentimentos ruins e até mastite desenvolvi. Após um tempo meu leite começou a secar e, aí sim, cai na real do caminho que estava seguindo! Resolvi mudar essa história, começar do zero e acertar em vez de errar. Li bastante, me informei muito sobre como relactar meu bebê e aumentar minha produção! 

Acerto número 1: Comecei tomando medicamentos (receitados pelo médico), tomando muita água, chá da mamãe e tintura de algodoeiro, meu leite voltou com tudo.

 Acerto número 2: a chupeta foi para o fundo da gaveta. E em quatro dias, embalando o Léo dia e noite e deixando ele chupetar em meu seio 24hrs, a chupeta artificial sumiu de nossas vidas! Após deixar a chupeta de lado, ele passou a dormir 12 horas ininterruptas por noite, com uma qualidade maravilhosa de sono! (antes, até roncar ele roncava, coitadinho).

Acerto número 3: comecei a oferecer fórmula em uma colher dosadora fazendo com que Léo esquecesse como se ordenhava na mamadeira. Isso foi fundamental e meu o bebê voltou a mamar no seio corretamente. Confesso que ainda hoje ofereço mamadeira também, mas intercalar com a colher e oferecendo o seio faz com que ele mame muito pouco em bicos artificiais. 

Voltamos a ter nossos momentos maravilhosos! Voltei a me sentir plena e realizada. Meu filho toma leite materno em livre demanda e poucas vezes toma leite artificial. Sei que não estamos 100% mas sei que a cada dia agradeço por ter vencido e chegado até aqui! Quatro meses e meio de livre demanda e isso pra mim é a minha eterna vitória! 

Não interessa quantos ml o seu filho toma de leite materno, se é exclusivo ou se intercala com complemento. O importante é não desistir de oferecer o seio e que de alguma forma o seu leite chegue até o seu neném! O Léo é feliz, eu sou feliz, vamos chegar aos seis meses porque eu tenho força de vontade! Ele passa o dia todo no peito e eu assim passo o dia todo sorrindo! Sou a mãe mais feliz do mundo! Quem sabe não chegaremos assim aos 2 anos? 

Uma dica? Não dê chupeta e nem mamadeira! Seu seio tem tudo que seu filho precisa. É lá onde ele vai se alimentar de leite e amor!"

Marcela é mãe de primeira viagem do Léo.

*Esse depoimento encontra-se no capítulo "Amamentação" do nosso primeiro livro. Leia outros depoimentos, bem como textos de profissionais convidados adquirindo o livro através do link: http://bit.ly/2gbmuNY

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