11/08/2016

Minha relação com a maternidade

A mamãe Elaine contou sua linda história com o João Pedro, os momentos difíceis, as alegrias, as dúvidas e preocupações.  E também dividiu com a gente algumas dicas sobre a maternidade.

"Há 13 anos, após 4 anos de relacionamento, meu marido e eu sabíamos que queríamos construir juntos uma família, já tínhamos a base, que era o nosso amor e o anseio por um filho(a). Então, dedicamos a nos entregar a ele de corpo, alma e coração. Dezembro/2007 ocorreu a 57 oficialização da nossa união e já estávamos prontos para receber nosso anjinho, pois já tínhamos nos formado e oficializado a nossa união, porém, Deus tinha benção em dose dupla, pois pouquinho antes de descobrir que estava grávida, fui promovida em meu trabalho. Enquanto aguardava para assumir este novo desafio, descobri que estava grávida de 15 dias. Era apenas uma sementinha, mas o coraçãozinho já estava ali, batendo muito rápido. Quanto emoção! Minha cabeça ficou a mil por hora, por imaginar como administraria tanta novidade ao mesmo tempo e de uma única vez. Foi então que resolvi, viver um dia de cada vez. 

Logo no início da minha gestação eu tive descolamento da placenta, a médica havia recomendado que me afastasse para repousar. Foi uma difícil decisão, mas não poderia colocar em risco o meu emprego, em especial neste momento e sabia também que não poderia colocar o bebê em risco. Decidi me cuidar enquanto trabalhava, redobrei atenção com o que ingeria, evitava esforço, como subir e descer escadas e usei as medicações à risca. Deu tudo certo! ? Trabalhei firme e forte até 37 semanas e com 38 ele nasceu, com 48 cm e 2.100 kg. Pequenino, um anjinho muito especial,“chaveirinho”" do pai. 

Ele teve icterícia, mas logo ficou bem com o banho de luzes. Nasceu com refluxo e isso nos deixava em pânico! Não sabia ao certo como lidar com a situação. Praticamente não dormia com medo dele se afogar dormindo. Colocamos colchão apropriado, mamadeiras especiais que controlava o fluxo de saída, tudo para aliviar os sintomas. Toda leitura recomendada estava em minhas mãos, foi quando quase pirei de tanta informação e tantos cuidados que dediquei ao meu pequeno. 

Um breve parênteses, cinco anos antes de engravidar, eu havia feito a redução de mama, não sei se impacta ou não, no meu caso, tive pouco leite, ainda assim insisti na amamentação até o 8º mês, quando ele largou. Foi  bastante difícil, porque queria muito amamentá-lo e resisti muito ao complemento. Todo aquele processo me causava um certo sofrimento e uma frustração, um sentimento de incapacidade, pois eu queria ser a única fonte de alimento do meu filho. 

Ele já estava com um mês e ainda não tínhamos acertado o pediatra, pois os que tínhamos visitado até então, não apoiava eu dar o peito já que quase não saia leite. Foi quando, um presente enviado por Deus, intermédio de uma conhecida que me indicara o gastro para tratar o refluxo, no mesmo consultório atendia também o pediatra, este anjo, Dr. Sérgio Armando, que com muita destreza dedicou mais de uma hora explicando a mim e ao meu marido como cuidar daquele serzinho tão frágil. Foi um alívio! Toda dúvida, prontamente nos dava o direcionamento e nos acalmava. Foi ele, que diagnosticou que o nosso filho tinha alergia à proteína do leite de vaca, nos deu todo direcionamento necessário para que ele tivesse o complemento correto, que no caso era o neocate - aminoácidos livres. Ele fez o uso deste aminoácido até um ano, depois mudou para leite em pó e o restante aos poucos foi sendo liberado. 

Posso afirmar que não sabemos como seremos como pais até sermos, pois eu não sabia que seria uma mãe metódica, cheia de receios e cuidados excessivos. Hoje repenso que, se voltasse no tempo, agiria com menos rigidez comigo mesma e a intensidade que imprimia aos que me cercavam.

 Algumas coisas me ajudaram, muito! Outras, atrapalharam! Como exemplo das coisas que me ajudaram: ler o livro da encantadora de bebês e criar a rotina; ele tem o diário registrado até os 3 anos; eu trabalhando fora, me ajudou a acompanhar um pouco mais da rotina dele, compreendendo melhor nos finais de semana.

O que atrapalhou? Foi eu querer seguir TUDO absolutamente tudo à risca. Hoje eu sei que se fizer papinha e ocorrer a necessidade de congelar, não fará mal, porém, eu fazia questão de fazer tudo na hora, sim! Tudo fresco, inclusive se fosse viajar, então pensem na logística, era sempre uma tensão. Preocupava-me com o tipo da panela, nada no microondas, com pouco tempero. Tudo muito à risca, não ousaria fazer diferente porque me sentia negligenciando algo que pudesse colocar o meu filho em risco. Enfim, tudo muito intenso. Uma intensidade que me custou algum desgaste, porque tudo que é exagerado não é bom, então rapidamente resolvi colocar um ponto final e reencontrar o equilíbrio, para o bem e a paz da humanidade. Em especial do meu papel também como esposa. Afinal, além de mamãe também somos mulheres. 

Voltando a maternidade, até os 4 aninhos do meu filho eu era incisiva em afirmar que só teria um filho, porém, com o passar do tempo, pensar no futuro e passar a fase de toda essa desnecessária intensidade, passei a considerar a possibilidade do segundo filho(a). Porque entendi que um é pouco, dois é bom e serão eternamente companheiros, pelo menos é o que planejamos que sejam, apoio um ao outro. Seria egoísmo não dar essa parceria ao João Pedro. 

Por fim, concluo que tudo passa. Os medos, as dúvidas, as angústias e que os nossos pequenos crescem muito rápido. Tudo se resume em estímulos, receberemos o que oferecemos a estes pequenos. Zelamos muito pela educação e valores que entregamos ao nosso filhote. Hoje vivemos com ele a fase em que tem opinião própria, os vários amigos, influências externas e sabemos que não teremos controle absolutamente de 100% do tempo dele. Por isso, nos preocupamos muito com as raízes que cultivamos: respeito, regras claras, rotina estruturada, bons exemplos (pois fará o que fazemos e não o que necessariamente falamos). 

Ser mãe me tornou um ser humano ainda mais tolerante, me fez conhecer um amor muito, muito maior do que tudo que já havia vivenciado, me tornou melhor servidora, me fez descobrir emoções desconhecidas até então. Ser mãe é a melhor coisa do mundo, pois mesmo com toda essa dedicação e responsabilidade que nos acomete, ao mesmo tempo somos grandemente recompensados, com um sorriso, com uma evolução, uma superação peculiar do seu pequeno. 

Voltando um pouquinho, tomamos a decisão de colocar meu filho na escolinha aos 3 aninhos, quando já falava, para que pudesse nos relatar a sua experiência (essa era a nossa preocupação). Dos cinco meses até os 6 anos eu tive um segundo anjo enviado por Deus que foi essencial para eu conseguir trabalhar em período integral e colocá-lo apenas meio período na escola, recomendo se tiver essa opção. Me ajudou muito! E até hoje é lindo ver a relação dos dois mesmo já fazendo mais de um ano não estando mais conosco.

Resumindo os acertos: 
1) ter um bom pediatra (que também se disponibilize pelo celular), porque um profissional bem preparado lhe acalmará e dará o melhor direcionamento nos momentos de apuro; 
2) uma pessoa que te ajude, em especial se você trabalha fora, assim você conseguirá imprimir as condições que deseja e manter a ordem necessária; 
3) criar uma rotina, seguramente ajudará o seu filho(a) a ter a segurança necessária e entender como será o seu dia e lidar com a questão da disciplina;
4) não dar refrigerante (hoje meu filho com 7 anos não toma, porque eu não ofereci quando menor), sei que faz mal, por que vou dar? 
5) sucos somente naturais, somente açúcar da fruta (segurei o máximo que pude, depois optei pelo demerara);
6) carteirinha de vacinação em dia, evitará a vulnerabilidade a inúmeras doenças; 
7) água, só ajudará neste bom hábito;
 8) estimular para um esporte (o meu ama futebol), o ajudará a criar vínculos, respeitar diferenças, trabalho em equipe, superação, etc.; 
9) colocar numa escola que entregue os mesmos valores que você cultiva em casa. Como é importante você acreditar no trabalho pedagógico que a escola desenvolve, aposte nisso!; 
10) reforços positivos sempre! Elogie sempre os acertos, estimule o seu filho a fazer e desenvolver a autoconfiança. 

O que sei é que cada fase é um aprendizado, é algo que faz com que você busque recursos de apoio. Pra mim a arte de educar realmente é a mais desafiadora, pois temos a missão de entregar ao mundo cidadão com caráter incorruptível."


Elaine é mãe do João Pedro.


*Esse depoimento encontra-se no capítulo "Filhos: um, dois, três, sempre um desafio" do nosso primeiro livro. Leia outros depoimentos, bem como textos de profissionais convidados adquirindo o livro através do link: http://bit.ly/2gbmuNY

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