15/09/2017

Quando o erro acontece na maternidade

"Depois de dois anos, eu ainda não superei totalmente, mas vamos lá!

A minha primeira gravidez foi há 11 anos.

A Ariel nasceu no Brasil, com toda a pompa e circunstância possível!

Fiz cesárea porque tive pré-eclâmpsia. 

Meu irmão (que é cardiopediatra) estava na sala de parto desde o momento que eu entrei. Estava ao meu lado e me acalmando na hora da anestesia e tudo mais. Pegou a Ariel das mãos do obstetra! Meu marido também estava na sala de parto e não saiu do meu lado por nada! 

Foi tudo perfeito e ótimo! 

Depois de 9 anos, ficamos grávidos novamente. Dessa vez nos EUA. 


A primeira coisa que veio na minha cabeça foi o medo do parto aqui. A possibilidade de ser obrigada a fazer parto normal, mesmo depois de ter tido uma cesárea (não vou discutir preferências e nem se é certo ou errado, mas esse foi o meu pensamento quando descobri a gravidez aqui); a falta da família; saber que meu irmão (que não é médico nos EUA e não fala inglês direito) não estaria do meu lado. 

Quando fui ao médico, ele me acalmou, disse que eu tinha todo o direito de escolher fazer cesárea ou parto normal, que tudo ficaria bem. E que o Fábio (marido) entraria na sala de parto comigo.

Depois de muito pesquisar, decidi pela cesárea. Totalmente escolha minha.

Íamos esperar o Erik resolver sair, mas ele não queria sair não, então decidimos marcar.

Minha mãe, minha cunhada e meu irmão vieram para o nascimento.

Chegou o dia! 31 de agosto de 2015! 

Tudo correu bem apesar dos meus medos da anestesia e de estar sozinha na sala de parto. O Fábio (marido) entrou depois da anestesia e ficou comigo dali em diante.

Quando ouvi o chorinho do Erik, todos os medos desapareceram. Ele estava ali conosco.

A enfermeira do bebê perguntou se eu queria segurá-lo. Eu disse que sim e ela o colocou no meu peito. Ele berrou. Eu sabia que algo tinha acontecido e estava errado. 

Pedi para o Fabio falar com a enfermeira. Ela simplesmente ignorou. Disse que eu estava nervosa.

Depois de alguns minutos ela o tirou e fez aquele charutinho. Ele parou de chorar. 

Aqui a prática do "skin to skin" é muito comum e me foi dito que acalmava o bebê. No meu caso, ele não se acalmou, chorou mais. 

Fui para a sala de recuperação com o bebê. Lá ele mamou e ficou super calmo.

Chegamos no quarto e a enfermeira pediu para levá-lo para o berçário para dar banho e a vacina. Eu disse que sim e o Fábio o acompanhou e ficou ao lado dele o tempo todo! 

Eles demoraram muito lá. Quando voltaram, o Fábio me disse que o braço esquerdo do Erik não estava mexendo. Que o pediatra de plantão não sabia o que era. 

4 dias no hospital, 6 raios-x e nada.

Até que o ortopedista foi chamado e disse que o cotovelo esquerdo tinha uma fratura. 

1 mês de gesso! 

Conseguimos descobrir pelo tipo de fratura (e pelas milhares de fotos que o Fábio tirou na sala de parto) que a fratura aconteceu na hora que a enfermeira o colocou no meu peito. Ela não teve o menor cuidado. 

Eu a perdoei por ter machucado meu filho, mas nunca vou esquecer o que passei e todo o terror de não saber o que podia ser e o quanto ele sofreu nos seus primeiros momentos de vida. 

Só peço para outras mães que queiram fazer o "Skin to skin" que tenham cuidado e peçam para as enfermeiras também terem.

Hoje o Erik tem 2 anos e está praticamente curado, mas ainda faz Terapia Ocupacional no braço esquerdo e vai fazer por algum tempo. 

Mas meu filho tem uma força excepcional com o braço esquerdo e é muito saudável, e é isso que importa. Ele vai poder ser o que ele quiser.

Sou completamente grata pelos meus filhos! Ser mãe sempre foi meu sonho e hoje estou realizada e completa! 

Muitos beijos a todas as mães e obrigada minha amiga Acácia pelo espaço e pelo que você passa para muitas mamães!"

Luiza é advogada, jornalista, esposa e mãe da Ariel de 10 anos e do Erik de 2 anos!

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