05/11/2015

Amamentação, preconceitos e mitos

Amamentar é difícil. Dói no início. Justo no início em que muita coisa está confusa e parece que vai durar para sempre! Noites mal dormidas, cansaço, a imensa responsabilidade de cuidar de um serzinho completamente indefeso e ainda por cima alimentá-lo com o próprio leite. Tudo isso somado a intensa carga emocional: amor demais, medo, transformações hormonais.

Sim, a mulher parece que não vai aguentar. Muita gente falando muita coisa. Visitas que nem sempre percebem que o foco é o bebê e não o chazinho ou o novo corte de cabelo dela. Avós que pretendem ajudar, mas vez por outra entregam um olhar de reprovação, julgamento ou dúvida. Não é fácil mesmo!

Aliado a mama machucada, o primeiro mês parece interminável. Dá vontade de ir correndo ao pediatra e pedir suporte. Frequentemente, quando a mãe chega nesse ponto, o suporte vem com a chamada "fórmula" (leite em pó). Raramente, encontra-se uma médica ciente completamente da importância da amamentação e que sabe que essa mãe só precisa de um incentivo e a estimula a continuar.


Tenho uma amiga, Márcia, que passou por grande dificuldade. Quase parou de amamentar logo nos primeiros meses. A pediatra do filho dela, que também é pediatra da minha filha (Dra. Renata Scatena), gentilmente a incentivou. No começo, até a mama melhorar, indicou uma fórmula, mas deixou a mãe ciente de que era por pouquíssimo tempo. Assim foi: logo que a mama melhorou a Márcia voltou a amamentar e até hoje seu filho mama no peito (ele tem 1 ano e 3 meses).

Uma outra amiga, Wanessa, teve gêmeas, imagine! Amamentar uma já é difícil, que dirá duas! Nos casos gemelares a indicação é complementar com fórmula, por motivos óbvios. A Wanessa seguiu em frente e amamentou até as meninas terem 7 meses.

Recentemente uma lei foi aprovada no intuito de proteger toda mãe que queira amamentar em público. O estabelecimento que proibir a amamentação no local será multado em R$ 500,00. Tudo isso para garantir a livre demanda. Na minha opinião, é triste precisarmos de uma lei para proteger um gesto natural e fundamental para a vida de nossos bebês, mas, mais triste ainda são os olhares de reprovação que uma mãe percebe quando precisa amamentar em público. Para isso não há multa.

"Por que não cobre?","por que não vai ao banheiro?" e mais recentemente "pobre fazendo pobreza" são algumas das barbaridades que se ouve por aí. O mais escandaloso e incompreensível ainda é que saber que são mulheres, na maioria das vezes, que destilam tanta acidez.

Wanessa e a gêmeas
Não, não é para mostrar o peito que amamentamos em público! Para isso existe decote, carnaval e balada!

Não, não é para seduzir! Para isso jamais usaríamos um sutiã cor de nada com um buraco no meio e uma mama cheia de leite!

Não, não é para constranger ninguém! Para isso existem ignorantes de plantão que falam sobre o que não sabem, são mal educados e não respeitam nada!

Amamentamos em público porque nossos bebês tem fome e somos adeptas da livre demanda!

Bebês que são amamentados exclusivamente no peito são, sim,mais saudáveis porque adquirem os anticorpos das mães. Tem maior noção de saciedade e, portanto, não terão tendência a obesidade. Terão pouca probabilidade de adquirir diabetes. Tem força maxilar. Tem mil benefícios, além da extrema doação de afeto naquele abraço quentinho e carinhoso da mãe ao amamentar. A orientação do Ministério da Saúde é amamentar até os dois anos e, com muita sorte, dedicação e amor, chegarei lá com minha pequena.

Não é coisa de pobre amamentar! É coisa de mãe!

Acácia Lima é mãe da Mariana, de 1 ano e 3 meses.

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