16/11/2015

Depressão pós-parto: essa história precisa ser contada

A depressão pós parto é uma das questões mais temidas e preocupantes no final do período gestacional. Estima-se que pelo menos 80% de novas mães passam por uma condição de forte melancolia após dar a luz ao bebê, e essa fase é conhecida como Baby Blues.

A depressão pós parto (ou DPP), diferentemente do Baby Blues que passa em torno de 30 dias, é uma doença e precisa de tratamento, pois não melhora com o tempo, ao contrário: fica mais severa se não cuidada.

Muitos são os sentimentos durante essa fase delicada, com uma mistura de tristeza e desesperança. Várias mamães passam por períodos de muito choro a alternância de humor. E isso é um assunto que precisamos dar a devida atenção. Hoje, a mamãe Ana* dividiu sua história com a gente.

"Postei em meu perfil do Facebook a história de Noemia Sena, mãe que teve sua bebê há 26 dias e infelizmente sucumbiu à depressão pós parto levando junto sua princesinha recém nascida. Fato trágico e doença mais comum do que muitos imaginam, sei por experiência própria o que ela sentiu quando cometeu esse ato extremo, pois senti e pensei o mesmo a alguns meses atrás... por fim em tudo...

Sentia-me uma inútil, que meu marido e minha filha estariam melhor sem mim...foi então que percebi que havia algo errado, pois esse tipo de pensamento vai contra tudo que acredito (sou cristã kardecista e acredito que apenas Deus tem o direito de determinar quando nossa experiência terrena deve se encerrar) e decidi procurar ajuda de meu obstetra. 

Ele constatou que eu estava com alterações hormonais agravadas pelo meu estado psicológico típico de quem tem limitações ocasionadas por uma cirurgia cerebral (e que, por isso, preciso com certa frequência de ajuda dos outros quando estou em crise). Além disso, tenho sequelas neurológicas como diplopia, nistagmo, hiperacusia, paralisia facial parcial, perda de memória recente (tanto que desde que cheguei da maternidade até hoje - minha bebê está com um ano e dois meses quase - mantenho um diário dela e escrevo TUDO que faço com ela e que ela faz também, desde troca, remédios, seu primeiro dente, o dia e hora que seu umbigo caiu, ou a primeira vez que ela levantou sozinha...), problemas de equilíbrio (cai 2 vezes durante a gestação, uma delas na escada, mas graças a Deus, nada mais grave ocorreu além de alguns cortes na perna e dor abdominal), o que não é muito bom para alguém que perdeu parte do crânio devido a uma osteomielite em todo lado direito após a primeira cirurgia na cabeça (após essa, a de clipagem de aneurisma, vieram outras várias para controle da infecção ao longo dos anos).

O medo de cair com minha bebê e feri-la era e ainda é aterrorizante, o medo de bater a cabeça no local onde meu cérebro não tem a proteção do crânio ou de a infecção espalhar-se e eu desencarnar deixando minha filha sem mãe também o é...medo de fazer mal a ela por esquecer de dar-lhe algum remédio ou de esquecer que dei-lhe e ministrar o mesmo novamente. 


Sei que toda mãe, principalmente as mães "frescas", tem medo e preocupação por tudo, mas vocês devem imaginar as coisas que sinto, a sensação de estar sempre na corda bamba, por um fio... e imaginar que tudo isso mais desordens hormonais não seriam uma boa combinação. Se não fossem minhas crenças pessoais, não teria percebido que havia algo de errado comigo, até que fosse tarde demais, pois é comum as pessoas ignorarem esses sentimentos maternos ou dizer que é frescura - sendo que estudos comprovam a ligação entre a queda brusca dos hormônios pós-parto com o baby blues, depressão pós parto e psicose pós parto, sendo o seu gatilho inicial - assim como é comum as próprias mulheres esconderem o que sentem, pois afinal como podem estar sentindo tristeza, agonia, desespero neste momento que é, segundo a sociedade, mágico? Ela deve mostrar-se bem, feliz e em paz... afinal é isso que espera-se dela, não é mesmo?

Graças a Deus consegui contornar esses pensamentos e hoje estou novamente em paz e minha alegria voltou (apesar de ainda ter dias muito ruins, nos quais a sensação de impotência e inutilidade voltam mais fortes, mas aí já estou mais forte novamente, menos fragilizada e luto contra esses sentimentos e pensamentos, afinal sou limitada? Sim, mas tento ser a melhor mãe que posso ser).

Meu relato é para reforçar o porquê de eu achar de vital importância trazermos à baila em nosso grupo esse tema tão espinhoso que é a depressão pós parto, como percebê-la, quem procurar para nos ajudar e como tratá-la. Creio que muitas de nossas irmãs de grupo talvez estejam passando exatamente pelo que passei naqueles dias e pelo que Noemia também passou...e talvez a nossa ajuda com esclarecimentos seja a diferença entre o meu final e o de Noemia..."


* A pedidos da mamãe, usamos um nome fictício.

*Esse depoimento encontra-se no capítulo "Solidão, Baby Blues e Depressão Pós-Parto" do nosso primeiro livro. Leia outros depoimentos, bem como textos de profissionais convidados adquirindo o livro através do link: http://bit.ly/2gbmuNY

2 comentários:

  1. Estou passando por uma situação mt difícil pq eu só quero chorar e tenho uma ansiedade fora do normal e sem falar no desespero e ninguém entende o q eu tenho nem o meu esposo, minha pequena tem 2 meses e sei q ela precisa de mim então por isso me faço de forte não tenho força para nada n para limpar a casa eu só tenho vontade de ficar deitada e sem falar q eu to com um sono q não é meu e tbm não sei o pq.

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  2. Bom minha gravidez esta sendo muito difícil. Ah 6 anos perdi um bebê e hoje estou gravida de cinco meses é um menino.Mais tenho pressao alta,infeção, mioma,e anemia muito alta..fora o stress que passo.O pai do meu filho esta preso e não estamos mais juntos mais ele faz de tudo pra me deixa mal fui afastada do trabalho pelos problemas da gravidez.Não estou recebendo pra ajuda só ano que vem recebo os atrasados mais o pior de tudo é a solidão que me toma de conta.Será que um dia vou ser feliz ?!? :/

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